domingo, 15 de abril de 2018

Divinos Segredos

“Cinema é como um sonho, como uma música. Nenhuma arte perpassa a nossa consciência da forma como um filme faz; vai diretamente até nossos sentimentos, atingindo a profundidade dos quartos escuros de nossa alma." Ingmar Bergmam


Passou um pouco da meia-noite do dia 15, estou aqui, outra noite que o sono não vem e está passando na tv um dos meus filmes sobre afeto feminino favoritos, Divinos Segredos. Acho inclusive que este filme meio que alimentou minhas ambições em relação à amizade e, obviamente, amizade entre mulheres, se não fosse pra ser igual a Irmandade Ya-Ya, não valeria a pena. Engraçado que assisto esse filme há anos, mas só fui decorar o nome uns ano atrás, acho que foi uma espécie de bloqueio, porque as Ya-Yas despertam muita coisa em mim. 

O filme é baseado num livro, que sempre quis comprar mas nunca fui atrás. Siddalee Walker (Sandra Bullok) é uma jovem escritora famosa que tm seus livros adaptados pro teatro. Mora em Nova York, bem longe de sua cidade Natal, na Lousiana. Mas pra ela, bem mais importante do que estar nas proximidades da Broadway, é estar longe do “perigo”, personificado na adorável, mas dramática e excêntrica Vivi (Ellen Burstyn), sua mãe. Sidda maldiz o dia em que concedeu uma entrevista à revista Time. Sem perceber, com as informações que passa à repórter, Sidda dá a entender que Vivi não foi uma boa mãe e assim, profundamente ofendida, Vivi declara contra Sidda a mais antiga de todas as guerras: a batalha entre mães e filhos. Para tentar colocar tudo em seu devido lugar, amigas de infância de Vivi resolvem intervir à força no conflito. As irmãs “YA-YA”, membros de uma irmandade inventada por elas quando crianças, resolvem mostrar a Sidda quem sua mãe realmente é e para tanto, terão que permitir que ela revire o livro de fotos e registros dos “Divinos Segredos da Irmandade YA-YA”. 

E aí a gente se depara com uma Vivi que cresceu sendo odiada pela mãe, uma mulher amarga e terrível, alimentando culpa e raiva cristã e descontando tudo na filha. E eu não podia me identificar mais, já que eu tenho a mesma relação com a minha mãe. Demorei muito pra admitir em voz alta que era assim, mas consegui e foi libertador me perdoar por não ser a filha que a minha mãe queria e perdoá-la por ela nunca ter sido a mãe que eu precisava. Lacanianamente, eu me tornei a mãe que eu queria pros meus filhos, da devastação ao amor. Eu sou meio Vivi Walker, sem o charme do sul americano, mais como uma Vivi negra da Lousiana.

Apesar de ser um filme de brancas protagonistas, em que a única personagem negra, apesar de muito amada e importante pra história, aparece como a querida empregada da casa, é um filme com o qual eu me identifico e, é um filme em que identifico traços de afeto feminino, algum sabor feminista, na coisa de uma apoiar a outra, da coisa da sororidade. O filme continua lindo e mesmo sendo quase um filme tolo de seção da tarde, é profundo nas questões psicológicas envolvidas. Assistir este filme, especialmente hoje, foi como um presente da lua nova.

Inté.

Pequena relação com este post aqui.


2 comentários :

  1. Olá! Tudo bem? Qual é o nome do livro que baseou o filme? Fiz uma busca na internet e não encontrei.

    Muito obrigada!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá! Estou respondendo do meu outro perfil, mas sou autora desse blog também. O livro é esse: https://www.amazon.com/Divine-Secrets-Ya-Ya-Sisterhood-Novel/dp/006075995X

      Na verdade, é um série de livros.

      Obrigada por ler o blog.

      Excluir

Sejam educados, seus lindos!

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