domingo, 25 de fevereiro de 2018

Pantera Negra - Vou embora pra Wakanda, lá sou amiga do Rei



Desde sempre, antes, muito antes dos conhecimentos acadêmicos virem até mim, já sentia profundo interesse por estruturas utópicas e distópicas na dramaturgia e na literatura. Na universidade, idos de 2003 e 2004, fiz as disciplinas de Literatura Infantil e apresentei trabalhos de análises psicanalíticas e de alegoria distópica dos contos de fadas clássicos dos Grimm, Andersen, etcetera coisa e tal. Li muito Bettelheim. Li muito sobre o tema. 

 As utopias e distopias são (obviamente) marcadas pelo tempo de sua produção. Elas apontam o resultado de um problema contemporâneo, invertem/subvertem a lógica para estabelecer uma tese e assim comentar de forma contundente o presente e o real experimentado. Uma das características das utopias e distopias construídas no século XX é que as sociedades imaginadas nunca são democracias. O autor do século XX sente que a democracia falhou, foi solapada ou não se sustenta como sistema. Temos auto gestões, monarquias, anarquias, sociedades geridas pelo capital privado que engoliu os governos tradicionais, ditaduras totalitárias, sanguinárias e benevolentes, impérios, desgovernos pós apocalípticos. 

Tudo acima faz sentido, mas dentro de Orwell, Huxley, Bradbury, Philip K. Dick. Mas não no Pantera Negra, minha gente. Pantera Negra é um excelente filme de super herói. Wakanda é uma monarquia ok, mas isso não impede Pantera Negra de construir um discurso progressista. Prest'enção: uma história sobre negros, com negros heróis, foda pra caramba, logo progressista, ou ao menos, muito mais do que o Homem de Aço, porque né. Apesar de que, no fundo, blockbuster, norte-americano,  filme, ipsi literis, progressista ou de esquerda, uma discussão destas seria burra e infrutífera. 

 Para reclamar do filme querem que o país fictício de uma narrativa utópica oriunda dos quadrinhos eleja seus representantes por voto popular. É realmente de lascar. 

O que me deixa felizinha é que, cara, o vilão de Pantera Negra. Cara. Que coisa! Spechless. A Lupita, gente. Sei lá. Ela tem o glamour das estrelas da era de ouro. A Shuri, irmã do T’challa. Que personagem. Que figurino. Que carisma. A direção de arte nas cenas de Wakanda. O roteiro. Cara. Tanta camada. Vão se divertir e melhorem.

Inté.

2 comentários :

  1. Esse filme foi sensacional. Não teve um só momento que o longa pareceu cansativo ou com cenas desnecessárias. Michael B. Jordan será impecável em seu novo filme. Ele sempre surpreende com os seus papeis, pois se mete de cabeça nas suas atuações e contagia profundamente a todos com as suas emoções. Na minha opinião, Fahrenheit 451 será um filme bom de ficção cientifica de 2018. O ritmo do livro é é bom e consegue nos prender desde o princípio. O filme vai superar minhas expectativas. Além, acho que a sua participação neste filme realmente vai ajudar ao desenvolvimento da história.Esse filme foi sensacional. Não teve um só momento que o longa pareceu cansativo ou com cenas desnecessárias.

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  2. Que texto incrível! Todos queremos viver em Wakanda . É bom ler essa abordagem. Pantera Negra talvez seja o filme mais consistente da Marvel, não só em matéria política, mas como trabalha a temática máxima do universo e como se mantém coerente. Raramente vemos filmes de super heróis da marvel com tanta profundidade. Essa mudança nos roteiros da Marvel abre a possibilidade de particularidades arrojadas dentro de um filme de herói sem que a empolgação seja deixada de lado

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Sejam educados, seus lindos!

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