quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Feminismo é independência



Eu sou uma velha, não por causa dos meus 40 anos, vividos intensamente (ô), mas por causa da minha alma, porque eu sou um espírito velho. Eu me identifico como feminista desde muito cedo, com diferentes intensidades. Houve época que fui mais engajada, militante quase, depois essa militância se calou perante uma relação tóxica e abusiva que só me fez mal, depois voltou com força, quando voltei a viver (de maneira dolorosa, mas voltei). 

E, nesse tempo, veloz e efêmero da sociedade líquida, às vezes não consigo me inteirar de tudo, inclusive da pauta feminista que, por vezes, parece viver mais de lacração do que de realizações. Vejo várias garotas e mulheres incríveis, perdendo um tempo precioso pra falar do empoderamento do cabelo, dos pêlos, do batom, do shortinho, da menstruação, etc, etc, etc, quando deveríamos estar, ainda, batendo na tecla da independência intelectual e financeira. 

Mulheres, minhas queridas, sem independência não chegaremos a lugar nenhum, muito menos um lugar de voz autorizada. Nenhuma pauta será compreendida, quiçá atendida. A gente tem que estudar, trabalhar muito, muito mais do que os outros e, por vezes, das outras que ocupam lugares de privilégio (brancas, cis, héteras, classe média com babás negras, por exemplo). 

Quando todas nós entendermos que, sem independência, autonomia, não conseguiremos nada, quando a maioria de nós compreender profundamente que precisamos vencer as engrenagens opressoras por dentro, usando o capitalismo ao nosso favor, e dando a volta no patriarcado, aí sim, nossa vitória individual, multiplicada em coletividade, será plena. 

Inté.

Imagem: Beyoncé como Rosie the Riveter: garota dum poster do tempo da Segunda Guerra que virou um símbolo feminista pin-up.

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