segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Emmy 2017 e a força da representatividade feminina



Hoje, dei aula de revisão de conteúdos, provas semanais chegando, depois de uma semana intensa de feira cultural na escola (trabalhos lindos, turmas me matando de orgulho, como 1ª 1 e 2ª do meu coração) e, no meio das minhas considerações pras avaliações de literatura, notei que fiz um adendo à informação de que Clarice (Lispector) não gostava de ser rotulada como escritora feminista, e ela não gostava mesmo, mas, independente do que Clarice queria ou não queria, a obra é aberta a múltiplas interpretações dos leitores, e nós leitoras percebemos esta voz feminina, esta representatividade e protagonismo das personagens criadas por Clarice.



E ontem, assistindo o Emmy 2017, quando vi Margaret Atwood subir ao palco junto com o elenco de Handmaids' Tale (O Conto da Aia, em português) só lembrei de suas declarações sobre este livro, de que não era um livro feminista, porque não teve a intenção de ser feminista, porque foi escrito antes da grande onda feminista  etc. Mas, corroborando da mesma perspectiva das leitoras, nós sentimos tudo isso em The Handmaid's Tale, é impossível não sentir. A série The Handmaid's Tale levou seis prêmios no International Emmy Awards, que aconteceu ontem. Entre eles, o de melhor atriz em série dramática para Elisabeth Moss. A série, adaptada do livro de Atwood, fala sobre aquilo que toda mulher tem medo: a perda de sua voz e autonomia sobre sua vida e seu corpo. A atriz se destacou no papel da aia Offred, uma mulher forte, destemida e brutalmente atingida pela estrutura machista.

Outro grande vencedor da noite foi Big Little Lies, Nicole Kidman em sua fala pra agradecer a premiação, falou de violência doméstica e como nos calamos perante este absurdo, e eu não consegui não me colocar no lugar da personagem, já que passei por isso (e demorou um tempo até eu conseguir admitir pra mim mesma que vivi isso, que romantizei e normatizei relação abusiva). Mas foi a fala de Reese Whitherspoon que mexeu comigo: "Deixem as mulheres serem protagonistas de suas próprias histórias, serem as heroínas de suas histórias". E de novo, foi impossível pra mim não me colocar diretamente neste lugar e me sentir representada na fala da atriz, com a série e com o livro, que devorei em algumas horas numa noite em que esbarrei no primeiro episódio na HBO.



Então, deixo aqui minha alegria, duma noite linda e importantíssima pra nossa luta e, fica a recomendação de que assistam The Handmaid's Tale e Big Little Lies, assim como leiam os livros, escritos por duas mulheres incríveis.

Bisous.

Imagens: The Handmaid's Tale (aquela fotografia e direção de arte que você respeita); Clarice fazendo 'a natural' datilografando; Cena final de Big Little Lies.

Nenhum comentário :

Postar um comentário

Sejam educados, seus lindos!

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...