quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Mês do Terror - Água Negra



Eu devo ser, possivelmente, a única fã do cinema oriental de terror que realmente gosta e muito de Água Negra, quando a maioria prefere a versão americana, refilmada pelo nosso Walter Salles. O que eu acho da versão americana? Uma porcaria. Sim meu povo, pior do que qualquer outra versão de filmes do gênero. E eu até gosto bastante do Chamado, por exemplo. Chamado que sabemos, é do mesmo diretor, o brilhante Hideo Sadaka.

Tudo o que era lindo (a seu jeito), plástico e vibrabte na versão oriental, simplesmente não existe na versão americana que, basicamente, se deteve em contar a história da mãe, do fantasminha e da criança. E a história é muito maior do que isso.

Água Negra de 2002 é uma das maiores obras do cinema de horror moderno, na minha opinião, um dos melhores filmes feitos nos últimos anos, portanto nem se enquadra apenas na coisa do terror. Sim, é um filme de fantasmas, mas é um drama. O filme é sutil, o suspense aflora através da atmosfera tensa e inquietante, em volta da narrativa, que explora um argumento simples.

 Em Água Negra não temos uma fita vhs amaldiçoada, mas sim uma mãe (Yoshimi), que procura ficar com a guarda da sua filha menor (Ikuko), mudando-se com a filhinha para um apartamento modesto, com umidade e uma infiltração no andar de cima que leva constantemente à queda de água numa divisória da casa, algo que a conduz a fazer queixa ao porteiro do prédio, que pouco parece ligar.

Claro que a infiltração não é bem o que esperamos e percebemos que a mudança para este prédio não foi a melhor das ideias. Nem a mais inteligente, mas né, precisamos do enredo.

Ikuko ama sua mãe e até gosta da creche nova. E da lancheirinha nova, vermelha, que simplesmente aparece do nada. Uma lancheirinha fantasma. Sempre que Ikuko aparece a imagem é meio em tons de azul. Ikuko sempre está de azul. Depois, a antiga dona da lancheirinha começa a fazer aparições, sempre em tons de amarelo. E é nesse contraste rm imagens e conteúdo do que é o amarelo e o azul que o enredo se desenvolve.

Estamos entre a superstição e o macabro, numa obra que conta com uma fotografia fantástica. O prédio vira um personagem a parte, numa clara homenagem ao Iluminado de Kubrick, na forma como expõe de forma claustrofóbica e labiríntica o drama das protagonistas e o prédio em si.

A relação entre mãe e filha é essencial para a narrativa, sobretudo para a criação de uma certa atmosfera de urgência em volta dos acontecimentos relacionados com o perigoso e estranho apelo que Ikuko causa numa entidade sobrenatural, uma outra criança cujo passado triste vai se revelando aos poucos. 

Água Negra antes de ser assustador, é melancólico.

 Se alugar um apartamento já sabe, tenha cuidado com as infiltrações, nunca se sabe quem ou aquilo que se encontra no andar de cima.

Boo.

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